quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sabe, não é difícil perceber que há um grande desequilíbrio e que as coisas não estão bem… Mas pra mim eu acho que atinge meu lar se eu parar e pensar nesse momento, porque está acontecendo agora mesmo. No mesmo momento que você tem uma geração que se reúne, se diverte assistindo reality shows, os quais, para ser honesto, são qualquer coisa menos reais, você tem uma criança que está se prostituindo à portas fechadas e sendo roubada de sua inocência. Não é justo que nós consumamos cada oferta material que aparece enquanto a viúva e o órfão são excluídos do espaço de dignidade de vida porque são vítimas de um conflito que simplesmente não é deles. Não é justo que haja uma geração que vem aumentando seu quadro de obesidade e ao mesmo tempo haja 30 mil pessoas que morreram hoje por falta de comida. Não é justo que nós não tenhamos problemas em gastar 3 ou 4 reais no que é basicamente água de torneira filtrada numa garrafa com um rótulo bacana, enquanto temos comunidades inteiras que sofrem nas mãos da doença, pois a unica água que tem acesso é estagnada e poluída. Não é justo que nós possamos cantar, dançar e sair pulando na nossa liberdade, e ao mesmo tempo os escravos permanecerem cativos, fora da visão e fora da consciência. Não é justo que nós possamos sentar e ver as notícias da tarde no conforto e sentir dó daqueles que vivenciaram uma tempestade, um terremoto ou uma enchente e simplesmente acharmos triste, mudar de canal e fazer um lanchinho. É justo passar por um mendingo e não lhe dar nada com a desculpa de que vai gastar com álcool ou cigarros ou sugerir que ele se mecha e arrume um emprego? Quem somos nós para julgar o alcólatra ou a prostituta ou o viciado ou o criminoso  como se fossemos melhores? Quem somos nós para esquecer o injustiçado ou o oprimido ou o marginalizado enquanto nos focamos em alcançar um sonho? Nós vemos esse desequilíbrio e dizemos “Cara, isso não está certo. Isso não é justo”, mas estamos ausentes para mudar tudo o que fazemos. Por que pra nós fazermos algo mais começa a custar. E se é assim que termina, então talvez seja justo dizer que quando ignorando a prostituta infantil estamos, na realidade, estendendo a mão para seu abuso. E quando nós ignoramos a viúva e o órfão em sua desgraça estamos, na verdade, lhe acrescentando dores. Quando ignoramos o escravo que permanece cativo somos nós quem o escravizamos. Quando esquecemos o refugiado somos nós quem o desabriga. E quando escolhemos não ajudar o pobre e o necessitado estamos, na verdade, roubando-lhes. Talvez, a unica coisa que seja justo dizer é que quando abandonamos os mandamentos sobre isso estamos, na realidade, abandonando os nossos.

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